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"Entre Processos"

De 01 de junho a 01 de agosto 2021

Mnemosynes
 
Mnemósine, deusa grega que representa a memória, foi apaixonada por Zeus, deus do Olimpo, e o atraiu a partir de suas narrativas, contando histórias que geraram suas nove filhas, musas conhecidas como “Meninas da memória”, protetoras das Ciências, das Artes e das Letras. Criadora da linguagem, a deusa escreveu um livro que transcrevia o que as musas lhe contavam, histórias de passados guardadas pelo deus do tempo, Cronos.

Em 1924, a deusa Mnemosine é lembrada por Aby Warburg, que decide escrever uma história da arte sem palavras, criando por meio de um Atlas Mnemosyne uma iconologia dos intervalos, em uma busca incessante de operar a natureza do arquivo através de pesquisas de imagens da arte e da cultura. Preocupou-se com a sobrevivência destas imagens por meio da análise do processo histórico da criação artística, resultando em 63 atlas incompletos.

Talvez o Atlas Mnemosyne deva ser permanentemente incompleto, seu legado é continuar sendo construído ao longo do processo de criação artística, este diverso, com amplas formas, suportes, linguagens e pensamentos que mapeiam uma continuidade de narrativas transcritas por Mnemósine.
 
No processo de criação artística há uma performance física e mental que conduz o desdobramento de poéticas. Na exposição “Entre Processos” as poéticasse instalam no espaço em escrituras, fotografias, pinturas, objetos, desenhos, códigos, costuras e vídeos, apresentando os campos de memórias de oito artistas, em lugares e paisagens presentes em suas histórias.
 
Tocar o passado é um exercício contínuo, que provoca um silêncio ruidoso, a lembrança nem sempre acalenta, por vezes modela ruínas. No entanto, revisitar a memória é completar a incompletude de uma história, ressignificando-a, tornando visível o que antes era apenas um rastro.


Heldilene Reale
Curadoria Processual

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