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"Povo Kayapó"

O povo Kayapó, que se autodenomina como Mebêngôkre (aquele de origem do olho d'água), habita e protege há décadas uma extensa área da Floresta Amazônica que se estende do norte do Mato Grosso ao sul do Pará. Com mais de 12 mil indígenas, se divide em sete sub-grupos: Mekrãgnotí, Gorotire, Kuben-Krân-Krên, Kôkraimôrô, Kararaô, Metyktire e Xikrin. Estão entre os 15 maiores povos dos 305 existentes no Brasil.
Os Kayapós são conhecidos também pela sua pintura corporal que constrói sua identidade. As pinturas feitas por mulheres para variadas gerações e gêneros apresentam motivos variados, sendo utilizadas para rituais de iniciação e de nominação, funerais, pesca, incursões na floresta e para momentos de guerra.
Em um contexto de contínuo conflito com não indígenas, que insistem em seu apagamento, o povo Kayapó continua suas práticas ritualísticas, se pintando para resistir a uma história demarcada por violências. Pintam-se na luta contra o desmatamento desenfreado, causado pelo asfaltamento de estradas na Amazônia, pintam-se nos conflitos com seringueiros e caçadores que invadem seus territórios tradicionais, pintam-se por serem vítimas de doenças trazidas pelos invasores de suas terras. Pintam-se e reagem com gritos e cantos tradicionais.
A série "Povo Kayapó", realizada pela fotógrafa paraense Denise Sá, apresenta pinturas e traços que constroem o corpo/história dos Kayapós, a partir de uma experiência observada pela fotógrafa no Museu Emílio Goeldi em Belém, no ano de 2018. De acordo com Denise, "Vivemos um momento em que enfrentamos uma escala de violência contra os povos originários na região amazônica. É necessário falar sobre a importância dessa população tão extraordinária para a nossa história e nossa formação cultural como nação. Então, ter esses personagens inseridos nesses espaços de significância para a arte e para a cultura é fundamental para que essa discussão se amplie. Cuidar e proteger essa população é importante e urgente."
Na permanência de uma história que ainda pratica um contínuo extermínio de etnias indígenas, tornar público seus registros conduz o fortalecimento da importância da permanência das diversas etnias, suas histórias e culturas no Brasil.

 


*Denise Sá é fotografa e possui bacharelado e licenciatura em filosofia pela Universidade Federal do Pará. Seu campo de atuação fotográfica tem foco na cultura e identidade. É Integrante do grupo de pesquisa Visagem, Grupo de Estudos em Antropologia Visual e da Imagem (UFPA).

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